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A anulação das condenações de Lula vale para quais processos? Por que Fachin decidiu anular as decisões? Por que agora? Com a anulação, Lula agora é considerado inocente? O que acontece agora? Veja respostas para essas e outras perguntas.
O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), anulou nesta segunda-feira (8) todas as condenações impostas pela Justiça Federal do Paraná ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Lava Jato.
Com a decisão, Lula recuperou os direitos políticos e se tornou elegível.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fala com a imprensa após votar em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, neste domingo (15) — Foto: Marcelo Brandt/G1
Cronologia: entenda os processos e condenações de Lula na Lava Jato
No caso do triplex no Guarujá, no litoral paulista, Moro havia condenado Lula a 12 anos e 1 mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro.
Já no caso do sítio de Atibaia, no interior paulista, a juíza substituta Gabriela Hardt, que estava no lugar de Moro, condenou Lula a 12 anos e 11 meses de prisão.
Com relação ao Instituto Lula, havia duas ações:
5 pontos sobre a anulação da condenação de Lula
Segundo Fachin, a 13ª Vara Federal de Curitiba, nas mãos de Sergio Moro e depois nas de Gabriela Hardt, não era o "juiz natural" dos casos.
Fachin entendeu que não há relação entre os desvios praticados na Petrobras, investigados na Lava Jato, e as irregularidades atribuídas a Lula, como o custeio da construção e da reforma do tríplex.
Segundo o ministro, em outros casos de agentes políticos denunciados em circunstâncias semelhantes às de Lula, a 2ª Turma do Supremo já vinha transferindo esses processos para a Justiça Federal do Distrito Federal.
O ministro disse seguir decisões anteriores do STF que já determinaram que, na Lava Jato, cabem à 13ª Vara Federal de Curitiba processos relacionados a crimes praticados "direta e exclusivamente" contra a Petrobras.
Fachin tomou a decisão antes que houvesse uma decisão sobre outro recurso da defesa de Lula, que pede a suspeição — ou provar uma suposta parcialidade — de Moro para condenar o ex-presidente.
O ministro, assim, determinou a extinção desse pedido (leia mais abaixo).
Na visão de alguns ministros do STF ouvidos pelo blog da Julia Duailibi, Fachin tomou a decisão neste momento justamente para evitar o julgamento desse pedido de suspeição, o que poderia levar, no limite, à anulação de parte significativa da Operação Lava Jato.
Mas o ministro Gilmar Mendes – que está com o recurso de Lula desde 2018 – ignorou a decisão de Fachin e programou para esta terça (9) a retomada do julgamento do caso na 2ª Turma do Supremo, que estava parado desde dezembro.
E, de acordo com o blog, a tendência nesse caso é que Moro seja declarado suspeito.
No início da tarde desta terça, porém, antes da reunião da 2ª Turma, Fachin pediu ao presidente do STF, Luiz Fux, uma decisão sobre quem está com a razão — Fachin ou Gilmar.
Fachin defendeu o adiamento dessa sessão e sugeriu que Fux decida.
Não. Fachin em hora nenhuma disse que Lula é inocente, mas considerou que não cabia a Moro (ou Hardt) julgá-lo nesses três casos específicos. A sentença dada no Paraná foi irregular e, por isso, inválida.
Vale lembrar que a Constituição Brasileira prevê que ninguém será considerado culpado até que se esgotem todos os recursos — ou quando um tribunal, como o STF, der a última palavra no processo.
Mas, enquanto esse processo corre — e independentemente de recursos —, o suspeito pode ser preso. Como foi o caso de Lula, que ficou um ano e meio em uma sala da PF em Curitiba.
A 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba, responsável no Paraná pelos processos da Operação Lava Jato, informou que cumprirá a decisão de Fachin e enviará os processos ao Distrito Federal.
Os processos contra Lula serão, então, entregues à seção judiciária federal do DF para uma reanálise. Lá, será feito um sorteio para ver quem herdará o julgamento.
Esse juiz – ou juízes – vai poder decidir se os atos realizados nos quatro processos (1 do triplex, 1 do sítio de Atibaia e 2 do Instituto Lula) são válidos ou se terão de ser refeitos.
Fachin anulou também o recebimento das denúncias feitas pelo Ministério Público Federal (MPF) contra Lula, e o ex-presidente deixou assim de ser réu nos processos.
O novo juiz pode até rejeitar as denúncias do MPF e absolver Lula sumariamente.
Em razão da decisão, o ministro Fachin declarou a "perda do objeto" e extinguiu 14 processos que tramitavam no STF apontando suposta parcialidade do ex-juiz Sergio Moro ao condenar Lula.
Assim, no entendimento de Fachin, não há mais motivo para "julgar" Moro.
Mas, como visto acima, essa visão pode não ser seguida pelos demais ministros do STF.
A decisão de Fachin é terminativa e encerra o caso, tanto que ele já determinou a remessa dos processos para que sejam reiniciados na Justiça Federal do Distrito Federal.
Ou seja, decisão não precisa de referendo da turma ou do plenário do STF, a não ser que o próprio ministro decida remeter o caso para julgamento dos demais ministros.
A Procuradoria Geral da República (PGR) já anunciou que recorrerá – assim, caberá ao próprio Fachin decidir se a 2ª turma vai julgar ou se ele prefere enviar ao plenário do STF.
A 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba informou por meio de nota que cumprirá a decisão do ministro Edson Fachin.
Mas, até a manhã desta terça, eles não haviam sido enviados ao Distrito Federal.
Fonte: https://g1.globo.com/politica/noticia/2021/03/08/entenda-a-decisao-de-fachin-que-anulou-as-condenacoes-de-lula-e-o-que-acontece-agora.ghtml